TERREIRO "VIVA DEUS" - CACHOEIRA - BA

    AS INFORMAÇÕES ABAIXO FORAM COMPILADAS DE DIVERSAS FONTES, PRINCIPALMENTE AS OBTIDAS PELA ORALIDADE, ALÉM DE PESQUISADORES QUE SE DEBRUÇARAM NO ESTUDO DESSA HISTÓRIA. 

 
    O TERREIRO "VIVA DEUS" FOI FUNDADO EM MARÇO DE 1910 E INAUGURADO EM JUNHO DE 1911, POR JOSÉ DOMINGOS DE SANTANA, CONHECIDO COM "ZÉ DO VAPOR".

  LOCALIZA-SE NA CIDADE DE CACHOEIRA, CERCA DE 110 KM DA CAPITAL DO ESTADO DA BAHIA, SENDO CONSIDERADA UMA DAS MAIS TRADICIONAIS CIDADES BAIANAS, REPRESENTANDO UM GRANDE REDUTO HISTÓRICO PÁTRIO.

 

    A CIDADE TAMBÉM É CONHECIDA COM "A HEROICA", PELOS FATOS QUE ALI ACONTECERAM E QUE ENVOLVERAM SUA POPULAÇÃO NA LUTA PELA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL.  

    CACHOEIRA FORNECEU FIGURAS ILUSTRES DA HISTÓRIA NACIONAL, COMO MARIA QUITÉRIA,  MULHER QUE ATUOU PARA LIVRAR A BAHIA DO JUGO PORTUGUÊS E, TAMBÉM, ANA NERY, A "ENFERMEIRA DO BRASIL" E QUE ATUOU BRAVAMENTE NA GUERRA DO PARAGUAI. 

    A MAIS ILUSTRE FIGURA HISTÓRICA A PASSAR POR CACHOEIRA FOI, SEM SOMBRA DE DÚVIDA, D. PEDRO II, E SEU NOME FOI DADO À PONTE QUE LIGA CACHOEIRA À CIDADE DE SÃO FÉLIX. A PONTE DE FERRO FOI INAUGURADA EM 1885, POSSUINDO 365 METROS DE EXTENSÃO POR 9 METROS DE LARGURA. 

    CACHOEIRA É TAMBÉM CONSIDERADA UMA DAS PRINCIPAIS DETENTORAS DOS CANDOMBLÉS TIDOS COMO "AUTÊNTICOS" NO ESTADO DA BAHIA. ALI ENCONTRAMOS TRADIÇÕES DAS TRÊS PRINCIPAIS RAÍZES ÉTNICO-RELIGIOSAS QUE APORTARAM NO BRASIL EM DECORRÊNCIA DA DIÁSPORA AFRICANA, OU SEJA: RAIZ BANTU (CONGO-ANGOLA), FON (JEJI) E YORUBA (NAGÔ/KETU).

    SEGUNDO O HISTORIADOR PROF. CARLOS NASCIMENTO, A LOCALIDADE ONDE SE ENCONTRA O TERREIRO "VIVA DEUS" REPRESENTAVA OS LIMITES ENTRE A ZONA URBANA E A ZONA CANAVIEIRA DE CACHOEIRA E QUE ERA CONHECIDA COMO IGUAPE, LOCALIZANDO-SE A CERCA DE 3KM DO CENTRO DA CIDADE.

    A EXTENSÃO TOTAL DO TERREIRO VIVA-DEUS APROXIMA-SE DE 37.000 m2 E NELE ESTÃO PLANTADAS INÚMERAS ÁRVORES CENTENÁRIAS, PRINCIPALMENTE JAQUEIRAS.

    SEU FUNDADOR, JOSÉ DOMINGOS DE SANTANA - "ZÉ DO VAPOR" – SEGUNDO TRADIÇÃO ORAL, NASCEU NA CIDADE DE SANTO AMARO DA PURIFICAÇÃO, RECÔNCAVO BAIANO, NO DIA 05 DE MAIO DE 1870 (SIC), FALECENDO EM 7 DE JUNHO DE 1938.

    AINDA, SEGUNDO TRADIÇÃO ORAL, FOI INICIADO NO CULTO AOS ORIXÁS POR UMA "TIA" DE NOME MARIANA “AFRICANA”. TIA MARIANA (OXUN DINÃ), SERIA NATURAL DE OXOBÔ, CAPITAL E A MAIOR CIDADE DO ESTADO DO ESTADO DE OXUM, NA NIGÉRIA.. 

    JOSÉ DOMINGOS DE SANTANA FICOU CONHECIDO COMO "ZÉ DO VAPOR" POR TRABALHAR COMO COZINHEIRO NO RESTAURANTE DO NAVIO A VAPOR "CACHOEIRA" QUE FAZIA LINHA REGULAR ENTRE  CACHOEIRA E SALVADOR, NAVEGANDO PELO RIO PARAGUAÇU.

    SEGUNDO O RENOMADO JORNALISTA BAIANO JORGINHO RAMOS :

"O Vapor de Cachoeira foi inaugurado em 1819, foi a primeira embarcação a vapor do Brasil. Fazia, uma das primeiras ligações entre o litoral e o sertão brasileiro, levando e trazendo gente, mercadorias e notícias na época do Brasil Colonial. O trecho navegável do Paraguaçu terminava em Cachoeira, de onde partiam tropeiros e a ferrovia para o resto do interior do Brasil. Cachoeira era um entreposto e viveu nessa época o seu apogeu econômico e político. Em 25 de junho de 1822 na então Vila de Cachoeira foram travadas as primeiras lutas da guerra pela Independência do Brasil, consolidada somente em 2 de Julho de 1823".
FONTE: www. vapordecachoeira.blogspot.com.br

    CONSTA AINDA, QUE O RESTAURANTE ERA DE PROPRIEDADE DO MAESTRO TRANQUILINO BASTOS E O NAVIO TRANSPORTAVA PRODUTOS E PASSAGEIROS ENTRE ESSAS DUAS CIDADES. A LINHA REGULAR FOI INAUGURADA EM 4 DE OUTUBRO DE 1819.

  

    AINDA SEGUNDO O MESMO HISTORIADOR, "ZÉ DO VAPOR" RECEBEU O TERRENO DO FILHO DO MAESTRO TRANQUILINO, SR. EULÓGIO TRANQUILINO BASTOS, EM GRATIDÃO POR TER REALIZADO UMA CURA RELACIONADA A SAÚDE UMA QUERIDA FAMILIAR,

    TRANSCREVO ABAIXO UM TEXTO TRAZIDO À COLAÇÃO PELO PESQUISADOR CACHOEIRANO, PROFESSOR LUIZ CLAUDIO NASCIMENTO (CACAU NASCIMENTO): 

" Não era um pai de santo pegador de gado, que é o que a gente mais vê hoje em dia aqui. Era um pai de santo respeitado, batuta. Santamarense retado, esse Zé do Vapor. Aí Tranquilino falou (ou foi Eulógio?): “pois bem, Zé, só Deus para lhe pagar o que você fez. Mas para você continuar fazendo o bem para o próximo, toma aqui esta escritura. A roça do Mamocabo é sua, abra um terreiro. Viva Deus! "- disse Zé ajoelhando-se. Zé do Vapor lutava para conseguir um terrenozinho para abrir seu rumpaime, e agora veja, uma roça enorme, com muita árvore, com muita água. Viva Deus! Viva Deus!"   

    SEGUNDO ARTIGO DO PROF. PHD JÚLIO BRAGA EM "NOTÍCIA HISTÓRICA DO TERREIRO VIVA DEUS" - FEIRA DE SANTANA - JULHO/2002, INFORMA QUE AS TERRAS FORAM DOADAS PELA SRA. CONSTÂNCIA, ESPOSA DO MAESTRO TRANQUILINO BASTOS, APÓS "ZÉ DO VAPOR" TER CURADO A MESMA SEM NENHUMA DESPESA PARA TRANQUILINO.

    ESTÁ RELATADO QUE ANTES DE SE FIXAR EM CACHOEIRA, "ZÉ DO VAPOR" FAZIA CANDOMBLÉ EM CACHOEIRINHA (MURITIBA) E NAS AMOREIRAS (ITAPARICA), NO PERÍODO EM QUE TRABALHOU NO VAPOR DE ITAPARICA.

    "ZÉ DO VAPOR" FOI CONTEMPORÂNEO DE FIGURAS CÉLEBRES NO CENÁRIO AFRO-RELIGIOSO CACHOEIRANO COMO VENTURA, OLEGÁRIO, PURUNGA E JUSTINO.

    A IMAGEM DE "ZÉ DO VAPOR" ESTÁ EXPOSTA NO MUSEU DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, LOCALIZADO NO PELOURINHO, LADEANDO COM IMAGENS DE IMPORTANTES FIGURAS RELIGIOSAS DO CULTO AFRO-BRASILEIRO.

    O TERREIRO VIVA DEUS COMPLETOU EM 2011, 100 ANOS DE EXISTÊNCIA.